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MEMÓRIA OLÍMPICA #3 – O JAPONÊS COREANO


Na primeira edição da nossa série contamos a história de Jesse Owens nos Jogos Olímpicos de 1936 disputado em Berlim durante o nazismo de Adolf Hitler. Na luta pela afirmação da raça ariana, a política do ditador alemão não afetou somente os negros. Hoje contaremos a história do maratonista coreano Sohn Kee-chung e do japonês Kitei Son na mesma Olimpíadas.

Para compreender a o que ocorreu durante os jogos, precisaremos recapitular um pouco da história dos três países envolvidos no começo do século XX. Após a guerra Sino-Japonesa no final do século XIX entre Japão e China, o império japonês ocupou a península coreana dominando-a até o fim da segunda guerra mundial. Guerra em que o Japão esteve aliado a Alemanha de Hitler, por questões estratégicas (A Alemanha precisava dividir a atenção dos EUA, seu principal adversário, entre a Europa e a defesa de seu território no lado do Oceano Pacífico, por isso a aliança com o Japão).

Sohn Kee-chung era o recordista mundial da maratona em 1936, quando se classificou para a Olimpíada. Para participar dos jogos Sul-coreano e nacionalista fervoroso, teve de competir pelo Japão por conta da dominação de seu país. Para isso, assumiu a identidade de Son Kitei, competindo assim, como um maratonista japonês e não sofrendo represálias durante a competição. Ao final da maratona, Sohn sagrou-se campeão olímpico, mas subiu ao pódio para ouvir o hino japonês, quieto e de cabeça baixa.

De volta à Coréia, idolatrado, sua foto foi publicada no diário Dong-a-Ilbo com uma alteração: a bandeira japonesa de seu agasalho coberta. Oito pessoas foram presas, e o jornal passou nove meses fora de circulação. 

O reconhecimento demorou, mas veio. Sohn Kee-chung foi o porta-bandeira da Coréia do Sul independente nos Jogos de 1948. Na década de 80 o COI finalmente viu a gafe histórica e contabilizou a medalha para a Coréia e retirou do Japão. Mas a homenagem maior ficou para os Jogos de 1988 em Seul. Aos 76 anos, Sohn Kee-chung emocionou o país quando ao entrar no estádio Olímpico de Seul com a tocha olímpica (foto acima). 

Hoje ainda vivemos tempos incertos em diversas nações. Palestina e Israel estão em constante conflito territorial. A própria Coréia segue dividida, sendo que o lado norte ainda vive por uma ditadura das mais perversas do nosso século. Em Pequim, ainda houve acordo para que a Coréia disputasse os Jogos de maneira conjunta. Mas o que fica na cabeça é de quantos cientistas, personalidades, estudiosos e atletas já que estamos falando de jogos olímpicos o mundo já não perdeu por conta das brigas políticas que em grande maioria são sem sentido. Quantas histórias como as de Sohn Kee-chung poderiam ser evitadas, abrilhantado sempre as competições e as sociedades. Espero que histórias como essa não sejam em vão e que sirvam de reflexão para todos aqueles que estão no COI, ONU e diversos órgãos de relações internacionais.

Confira os demais artigos da série Memória Olímpica:


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