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SOBERANO’S #4 – MURICY NA BERLINDA


Após a derrota para o rival Corinthians na estréia da Libertadores na última quarta-feira, o assunto que dominou os noticiários e comentários sobre o Tricolor Paulista foi o técnico Muricy Ramalho. Duramente criticado pela escalação e atuação da equipe, o treinador sempre dividiu a torcida são-paulina. Enquanto uns idolatram, outros não o vêem capacitado para levar o elenco para a conquista da maior competição sul-americana de clubes.

Os defensores de Muricy no São Paulo lembram sempre das três conquistas seguidas de Brasileiro, entre 2006 e 2008. Ao passo que os que não gostam de seu trabalho, citam as eliminações seguidas na Libertadores no mesmo período, sempre para times brasileiros e com atuações pífias durante a competição e nos jogos decisivos. Não tenho em mãos nenhuma pesquisa que diga qual o percentual dos contra e a favor de Muricy, por isso não serei leviano em dizer onde está a maioria. Porém, creio que para julgar a capacidade de um técnico, não basta ver apenas os resultados obtidos, deve-se avaliar também a qualidade do trabalho que promoveu com o elenco e condições que tinha.

Na conquista dos três brasileiros, se nos recordarmos, o São Paulo sempre teve uma arrancada após a eliminação ou uma atuação vexatória. Era nessa hora que Muricy resolvia mudar sua equipe, rever suas teimosias, promovendo alterações na forma de jogar e na escalação que boa parte da torcida e dos comentaristas falavam desde o inicio do ano. Esse ano, Muricy começa igual. Insiste em um meio campo burocrático, com Maicon, Denilson, Souza e Ganso, e num ataque sem mobilidade, ora só com Luis Fabiano, ora com Karkec para embolar ainda mais a intermediária, sem criar espaços para os passes e infiltrações. É bem verdade que, para o jogo da última quarta-feira, não podia contar com Pato, fora por questões contratuais, e Centurion, cumprindo suspensão dos tempos de Racing. Mas havia alternativas no elenco para formar uma equipe com mais mobilidade.

Maicon não tem condições de ser titular nunca no São Paulo. Porém parece o Richarlysson dos tempos atuais. Se faltar um lateral, ele entra e desloca-se outro jogador para lá. Se faltar atacante, coloca ele. Se faltar volante, Maicon de novo. É incrível a teimosia que Muricy tem com certos jogadores. Foi Richarlysson na última passagem e será com Maicon agora. E a paciência dele com esse tipo de jogador é inversamente proporcional com quem vem da base, por exemplo. Ewandro e Boschila, por mais boas atuações que tenham, dificilmente conseguirão espaço, por que, afinal, o Maicon tem que jogar.

Outro ponto que incomoda o torcedor no trabalho de Muricy são as jogadas ofensivas. Na passagem anterior, muito se dizia que a única jogada de ataque do São Paulo era os cruzamentos de Jorge Wagner para a área. Hoje, mesmo com jogadores de melhor qualidade para criação de jogadas, não consigo ver jogadas trabalhadas. Parece-me que o São Paulo sempre chega no “bumba-meu-boi”. Depois de trocar intermináveis passes laterais, alguma bola é rebatida e sobra para uma finalização. O primeiro gol que o São Paulo sofreu no clássico de quarta-feira deveria servir de exemplo de construção de jogada. Tabelas rápidas, movimentações, infiltrações e jogador cara a cara com o goleiro adversário.

O elenco que foi montado possui vários jogadores de nome e com passagens pela seleção brasileira principal, tais como Ganso, Luis Fabiano, Pato e Michel Bastos, como pelas seleções de base, como nos casos da dupla de zaga Tolói e Dória. Há jogadores técnicos e velozes, como Jonathan Cafú e Thiago Mendes. Mas é fato que Muricy ainda não encontrou a melhor formação.


Mesmo sendo crítico do trabalho de Muricy e não concordando com as formações e escalações, não acho que ele teria que sair. Mas acho que deveria ter alguém ao lado dele que mostrasse onde tem errado. Considero-o um bom treinador. Não é fantástico, mas não é nenhum desentendido no assunto. Como falei anteriormente, as conquistas dos três Brasileiros vieram com arrancadas após eliminações ou atuações vexatórias. Quem sabe a derrota de quarta-feira não tenha sido a que vai fazer Muricy rever os seus conceitos e enxergar que Kardec e Luis Fabiano não podem iniciar uma partida juntos, que Maicon só atrasa o jogo, que Michel Bastos não pode ser lateral, e a partir daí construir o formação vencedora? Capacidade e elenco para isso ele tem. Na próxima quarta, no Morumbi, é dia da torcida apoiar o time do início ao fim e não tornar-se mais um jogador adversário. Apesar das diferenças com Muricy, é nele que temos que confiar para buscar o tetra-campeonato da Libertadores.

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